A Chave da Imortalidade

A Chave da Imortalidade

Por Thomas de Toledo
http://thomasdetoledo.blogspot.com
 

O Olho de Hórus em tudo está e tudo vê.

Saúdo Thot, senhor da ogdoade de Khmunu, deus da escrita, esposo de Hátor, mestre da sabedoria ancestral. Apresento-me em sinal de adoração para que abrai os papiros sagrados de ‘Sair à Luz’ e mostrai a Chave dos princípios fundamentais.

Saúdo Osíris, senhor de Abydo, deus da fertilidade, esposo de Ísis, pai de Hórus que derrotou Seth. Apresento-me em sinal de adoração para que abrai a porta do Reino dos Mortos que governa, e revelai os segredos da Imortalidade.


Capítulo I - A Chave

Assim chegou à Era de Aquário os ensinamentos de Thot:

Do Uno são e procedem todas as coisas. O Todo é mental, o Universo é mental. A mente é vivente, eterna e universal. Toda força, energia e matéria está subordinada à mente. Matéria é força mental coagulada. Tudo é duplo, possui duas polaridades, tese e antítese, paradoxo infinito da dialética. Em tudo residem os gêneros masculino e feminino, geração, regeneração e criação. O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento trouxe em seu ventre e a Terra o alimenta. A mesma Lei governa todos os planos; os planos superiores dominam os inferiores e o que está embaixo é como o que está em cima para formar o milagre da coisa única. Tudo vibra e tudo se move: matéria, energia, mente em ordens ascendentes e descendentes, superiores e inferiores de vibração. O movimento é regido pelo ritmo, fluxo e refluxo, ascensão e queda, em forma pendular. Toda causa é sucedida de um efeito, ação e reação.

Para mudar o estado mental, muda a vibração. Pela vibração governa as forças da natureza. Para alterar o desagradável, desloca a polaridade ao pólo oposto. Transmuta a mente em estado, grau, condição, pólo e vibração; neutraliza o ritmo pela polarização. Aplica o princípio da causa e efeito para usar a Lei do plano superior no plano inferior. Opera a Lei, tornando-se causador em vez de efeito. Separa a terra do fogo, o sutil do espesso habilmente, sobe da Terra ao Céu, desce novamente à Terra e recebe a força das coisas superiores (Hórus) e inferiores (Seth), e assim obténs a glória do mundo, o cetro do Poder.


Capítulo II – A Imortalidade

O Egito sempre foi a civilização do culto à Vida, eterna e imortal. A existência se divide em múltiplas partes, que Thot descreve em “Como Sair à Luz”, erroneamente traduzido como “Livro Egípcio dos Mortos”:


 
Para tornar-se Imortal, é preciso construir a glória do nome (Ren) de uma pessoa verdadeira da palavra (maa-keru) que será eternamente lembrada se a fonte de sua vida animal, o coração da alma (Ab), for mais leve que a pena da verdade e justiça da deusa Maat.

O corpo físico (Khat) é a habitação carnal e para preservá-la, mumifica-se e guarda junto a ele os pertences do mundo material, para que na próxima existência outros similares venham a auxiliá-lo. A vida deixa de existir quando cessa o fluxo da força vital (Sekhem), e assim a alma (Ba) divide-se em seu duplo etéreo (Ka) e sua sombra (Kaibit). Para que estes não atormentem os vivos como fantasmas, devem receber oferendas no túmulo. O espírito (Khu) seguirá sua jornada para habitar um corpo espiritual (Sahu), onde todos os atributos mentais e naturais se unem à própria natureza.



Capítulo III – O Julgamento

Saúdo Maat, deusa da verdade e da justiça.  Apresento-me em sinal de adoração para que mostrai o poder de tornar a noite e o dia de mesmo tamanho nos equinócios de primavera e outono, orquestrando a harmonia do ano solar.

Na presença testemunhal dos deuses Rá-Harmachis, Temu, Shu, Tefnut, Geb, Nut, Néftis, Ísis, Hórus, Hátor, As e Hu, entro no salão do Julgamento. Sou recebido pelas deusas do nascimento Remenet e Mesquenet que levam coração de minha alma (Ab) para ser medido na balança de Anúbis, o deus-chacal guardião. Ele é pesado com a pena de Maat, enquanto Thot registra a passagem. Se pesar mais que a pena, terei o coração da alma (Ab) comido pelo devorador. Se for tão puro e leve quanto a pena, serei apresentado a Osíris no Reino dos Mortos.

Saio vitorioso e triunfante, intendente do selo!


Hórus me guia até Osíris. Com o braço erguido em sinal de adoração, presto oferendas ao Senhor que preside o Reino dos Mortos, pois ele venceu a morte graças ao amor de sua esposa Ísis, que a ressuscitou com as palavras divinas de Thot. Ísis o acompanha atrás do trono com a irmã Néftis.



Capítulo IV – O Renascimento

Homenagem a Rá quando se levanta oh Sol! Que nasce no Oriente! Para passar da inércia do corpo morto para o corpo espiritual e glorificado! Tua mãe Nut te rende homenagem com ambas as mãos! A terra onde o Sol se põe no Ocidente te recebe em satisfação e a deusa Maat te abraça de manhã e à tarde!

Que minha alma caminhe para onde quiser; que o meu nome seja proclamado e se encontre na mesa de oferendas; que as oferendas sejam feitas em minha presença como fazem os adoradores de Hórus; que me seja preparado um lugar no barco do Sol no dia em que Rá sair; que na terra da vitória eu seja sempre bem recebido na presença de Osíris.


À Gloria de Rá, o deus-solar.
À Glória Thot, o deus-lunar.
À Glória da deusa Nut, a Noite.
À Glória do deus Geb, a Terra.
Quero ser imortal para por toda eternidade chamar vossos santos nomes.