O PROCESSO DE ADOECIMENTO

O PROCESSO DE ADOECIMENTO
Claúdio Hypolito (*)
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (O.M.S.), saúde corresponde à satisfação de três requisitos: bem-estar físico, psicológico e social. A falta de saúde implica na não observância a uma ou mais condições citadas, gerando desequilíbrio ou doença.
 
Para entendermos como surge o processo patológico, alguns conceitos são necessários. Como sabemos, o homem é forjado sob a ação de forças energéticas sutis que promovem o agregamento de pequenas partículas sub-atômicas, daí evoluindo até resultar numa composição celular, que estruturalmente possui vida própria e direcionamento existencial determinado, submetendo-se, no entanto, às determinações de um poder central superior, o Espírito, e colocando ao seu dispor toda a sua potencialidade.
 
Os agrupamentos celulares já constituídos formam as estruturas orgânicas, que passam não só a influenciar a mente, mas também, de forma reflexa, este poder central, estabelecendo uma relação harmônica entre eles. Desequilíbrios gerados por este conjunto, associados a ações deletérias do meio onde está imerso, acabam por desestruturar esta harmonia.
 
Concorre para este equilíbrio o convívio do indivíduo com sua flora normal e com as chamadas defesas orgânicas que compreendem: a pele; mucosas respiratórias ciliadas intactas; fatores imunes, como anticorpos específicos e células fagocitárias, como macrófagos do sistema retículo-endotelial e neutrófilos polimorfonucleares.
 
Os granulócitos, por exemplo, são células componentes do sangue e têm como função a defesa contra as bactérias. Os portadores de deficiência na sua contagem apresentam grande suscetibilidade às infecções bacterianas.
 
Cita-se como uma das maiores causas de morte dos japoneses submetidos às radiações ionizantes das bombas nucleares, lançadas em Hiroshima e Nagasaki, a infecção bacteriana que se seguiu à aplasia da medula óssea e acentuada depleção no número de granulócitos no sangue periférico.
 
O mecanismo de ação do granulócito é basicamente o de cercar a bactéria e engolfá-la, liberando enzimas para destruí-la, constituindo esta ação um ato da *Inteligência Celular*, que ocorre sem interferência consciencial, quer no seu desencadeamento ou interrupção.
 
O aparecimento da doença se processa pela ruptura do equilíbrio mente e corpo que é relativo e extremamente dinâmico, e esta disjunção  pode ser causada por fatores patogênicos endógenos e exógenos. Portanto, a origem e a evolução da doença estão centradas na relação resistência versus fatores patogênicos.
 
Como fatores endógenos, podemos considerar os sentimentos, as sensações emocionais desvairadas tais como: amor possessivo, culpa, ódio, inveja, cobiça, orgulho, medo, que respondem por grande número das distonias energéticas na interação corpo-mente.
 
Experiências mostram que o indivíduo submetido ao temor ou dor súbita, o seu estômago deixa de secretar ácido clorídrico. Entretanto, ante uma situação de ressentimento prolongado ou ira profunda ou crônica ocorre o oposto: a mucosa gástrica apresenta-se congesta, aumentando a secreção de ácido clorídrico e predispondo as gastralgias.
 
A alegria e o amor têm ação estimulante na manutenção do equilíbrio entre os órgãos, aumentando o potencial energético desses órgãos e, portanto, a resistência global do corpo, de modo a impedir a patogenia.
 
A tristeza, em contrapartida, soma efeitos contrários, debilitando o estado energético hígido e possibilitando a instalação progressiva de patologias diversas. Por exemplo, um pessimismo intenso leva à depressão, sobrelevando a ocorrência de derrame e enfarto, aumentando o risco de morte nos idosos.
 
Da mesma forma, a ambição na sua forma desmedida e o orgulho, quando não satisfeitos, provocam, além da constante insatisfação, graduações variadas de neuroses, que podem ser responsáveis por muitos sintomas como dores torácicas, dorsalgia, cefaléia, desnutrição, obesidade, nervosismo, fadiga.
 
Os fatores exógenos se distribuem desde as ações excessivas nos seus mais variados níveis, tais como a inobservância de horários, predileção alimentar, ociosidade, ingestão de medicamentos em excesso, fumo, álcool, sexo desenfreado, traumatismo, drogas, etc. até as chamadas agressões ambientais que a sociedade industrializada produz, através de emanações de substâncias químicas e radioativas na atmosfera, contaminando o meio ambiente.
 
Os micróbios que causam as enfermidades são os que têm, como característica, a virulência para o homem, bastando o contato no momento de menor resistência e os que são membros naturais da flora orgânica normal, que passam a exercer função patogênica. Por exemplo, o streptococus beta hemolítico e o streptococus pneumoniae, que causam a faringite estreptocócica e a pneumonia pneumocócica, respectivamente, são habitantes normais da garganta.
 
Podemos, no gráfico abaixo, visualizar a dinâmica do processo de adoecimento.
 
 
No gráfico, temos no eixo das ordenadas o quantum energético ou resistência do indivíduo quando do seu nascimento, e no eixo da abscissa a idade em anos, tomando a linha C como base de um padrão de normalidade.
 
Analisando o nascimento do indivíduo 1 ocorrido de forma satisfatória (acima da linha) C e com fatores inatos potencialmente debilitantes, mas pouco atuantes, começa a sofrer as influências do meio que, por si só, não significam fator deletério, pois que podemos, através de atos restauradores, equilibrar esta situação. No entanto, sem os cuidados necessários à manutenção da homeostase interna, os fatores agressivos, a maioria deles originados por nós mesmos, provocam, com o passar do tempo, a diminuição da resistência logrando sintomatologia na quarta década da vida.
 
Ao considerarmos os nascimentos 2 e 3, temos de imediato a ação dos fatores inatos atuando e provocando um decesso da linha da normalidade, mais acentuada para o indivíduo 3.
 
Estes fatores inatos são, na conceituação da medicina oriental, as alterações transferidas pelos antepassados, podendo ser entendidas por nós como alterações transmitidas de vidas passadas, além do conceito oriental.

Os indivíduos 2 e 3 sofrem da mesma forma as conseqüências dos desregramentos, no entanto manifestarão mais precocemente a sintomatologia específica dos problemas e que deram origem.
 
Concluindo, o processo de adoecimento é de tal forma multifacetado que todos os atos, palavras e pensamentos, têm um peso específico na sua gênese e podem determinar a velocidade com que irá propagar, retroceder ou não começar. Como tudo, depende única e exclusivamente de nós.
 
Bibibliografia: Best & Taylor's - As bases fisiológicas da prática médica, El manual Merck - 6* edição - 1.978

 (*) Dr. Claúdio Hypolito, médico acumputor endereço para correspondência. R. Frei Gaspar, 552 - Centro - S. B.Campo